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30 de ago. de 2010

Também sou uma deficiente física.


Sim, também sou portadora de deficiência física. Ela não me provoca limitações no caminhar, limitações nos meus movimentos ou em pensar, porém ainda assim, provoca olhares de estranheza e até repulsa por parte de quem me vê.
Poucas pessoas sabem, mas sofro de linfedema nos membros inferiores (leia-se pernas). A doença foi diagnostica entre 2003/2004 após a minha primeira crise de erisipela, mas já sofria com o meu pé esquerdo inchado desde pequena.
Linfedema consiste em um acúmulo do fluido linfático no tecido intersticial, o que causa edema, mais frequente em braços e pernas, quando os vasos linfáticos estão prejudicados.
Naquela época nunca tinha ouvido falar ou de linfedema ou de erisipela. A minha primeira crise de erisipela começou em uma quinta-feira e só foi diagnosticada na segunda, pois achava que a vermelhidão na perna esquerda, principalmente, fosse uma alergia forte, inclusive tentava resolver a coisa sozinha. Somente após o alerta da diretora da empresa em que eu trabalhava e que sofreu uma trombose grave anos antes é que corri para o pronto-socorro, mas aí o estrago estava feito. A perna esquerda vermelha que nem um tomate e inchada a ponto da pele quase rasgar. Resultado da demora? A piora da minha possível linfedema congênita, principalmente na perna esquerda, indo do pé (que foi o inicial) até quase o joelho, mas a perna direita, também na primeira vez sofreu, mas de forma mais leve.
Depois em 2006 tive a minha segunda crise de erisipela. Esta foi a crise mais grave, pois a foi da forma bolhosa. Isto resultou em um internação de 1 semana, mais 1 semana de repouso absoluto além de tratamento intensivo via home-care. No final do ano passado e em fevereiro deste ano tive a minha 3ª e 4ª crises de erisipela, mas ambas somente na perna direita e sem ser da forma bolhosa. Como já conhecia o tratamento, nem fui atrás de posto médico e estas coisas. Sei qual é o antibiótico correto a tomar e pomadas para passar, além de enfaixar as pernas.
O ruim das crises de erisipela é que a linfedema tende a piorar, ou seja, a se agravar, ficando o local da crise de erisipela mais inchado sem possibilidade de voltar ao normal.
No verão sofro com o calor e o aumento do inchaço das pernas. Apesar de ODIAR o frio, é a melhor época para o meu problema. A perna incha muito pouco.
Mas o pior de tudo não são as crises de erisipelas ou o inchaço provocado pela linfedema. O pior de tudo é o preconceito das pessoas.
Antes do meu problema, até usava vestido (nunca gostei muito de saias, mas dependendo do modelo usava também), gostava mais de usar bermudas ou shorts (mais bermudas que shorts diga-se de passagem). Agora somente uso calça, pois se eu uso uma bermuda ou short, muitos olham para a minha perna como se aquilo fosse algo de outro mundo. E olha que a minha linfedema é moderada. Adquiri outros medos também por causa da minha doença que novamente algumas pessoas não entendem. Uma delas é com relação à depilação. Como qualquer corte ou ferida na perna pode provocar uma nova crise de erisipela eu levo meses a tomar coragem para depilar, pois o medo de uma nova crise me apavora e as pessoas não entendem ou porque eu não faço depilação nas pernas ou porque eu demoro. Agem como se eu fosse um monstro por isto. Ninguém sabe como a erisipela incomodo e é perigosa, pois se a infecção atingir a corrente sanguínea o caso se agrava e muito.
Outro problema que eu enfrento, mas acho que aí é mais uma questão de erro de estratégia das empresas, é que quase não há sapatos fechados para mulheres para quem tem problemas com pés inchados, principalmente no verão. No verão não se encontra um único par para vender. Já cheguei ao cúmulo de comprar sapatos masculinos que eram modelos super parecidos com o que eu usava só porque eu não encontrava um único modelo pra mim.
Mas realmente a pior dor é o preconceito, o preconceito das pessoas não te aceitarem como você é, onde para ser aceita você tem que ser a perfeição física em pessoa. As pessoas esquecem que o corpo é só uma embalagem, o que vale mesmo é o conteúdo que está dentro dela.

3 comentários:

  1. http://verarosa.horahnews.com.br/2010/09/entrevista-claudio-lins.html

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  2. oie Lu...
    Meu nome é Nathalia tenho 20 anos, e me identifiquei muito com oque vc postou!
    Há exatamente 9 anos tenho tido inchaços constantes nos meus pés, e medico nenhum descobriu oq era!
    Vendo oq vc escreveu, é exatamente igual ao meu caso...tive uma erisipela em junho deste ano!
    O seu post me insentivou a procurar um médico para que assim ele possa diagnosticar o linfedema em mim...
    Eu queria saber de vc Lu, oq vc faz?? tem algum tratamento???
    Obrigada!
    Bjos
    Nath

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  3. Olá pessoal, bom dia!
    Lú, lendo seu texto, revivi meu passado. Tenho 43 anos e desde 2 anos de idade o linfedema me acompanha, não queria, más ele insistiu tanto que acabei cedendo. Não é fácil, uma rotina muito árdua. Realmente o portador tem que fazer de tudo para evitar a crise pois a cada nova o problema tende a piorar. Queria saber de vc faz uso da benzetacil para evitar a crise ou não, pois eu não consigo viver sem ela. Tomo religiosamente uma a cada 21 dias a exatamente 33 anos, além do uso da meia elástica de alta compressao. Qual é o médico que te acompanha? Fiz acompanhamento por muitos anos na Vascular da USP em São Paulo. Atualmente faço acompanhamento com Dr. Fábio Menezes, médico angiologista. Ele me encaminhou para a Vascular da Unicamp onde conheci o Dr. José Luiz Cataldo, excelente profissional que descobriu a origem e a causa do meu linfedema. Qualquer dúvida terei o maior prazer em trocar informações com vc para melhorar a qualidade de vida. Quanto ao preconceito, aprendí a conviver, isso é de menos! Grande abraço e melhorar.. Edson Tomaz

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